9 de jun. de 2014

Despedida

17 anos.
Nem tinha terminado de prestar o vestibular de Pedagogia pela VUNESP e meu pai já estava dizendo que eu ia morar em Araraquara.
Saiu o resultado, lista de espera, expectativa!
Pronto, consegui.
E agora???
Um mundo completamente novo, todinho pra mim, de uma forma que eu nunca havia encarado.
Moradia, amizades, tudo tudo inusitado.
E nesse tempo eu descobri que a faculdade era muito mais que uma escola acadêmica, era uma escola pra vida.
Na primeira semana parecia que 4 anos anos seriam infinitos, no primeiro ano também parecia, assim como no segundo e no terceiro, e até mesmo no quarto. Não parecia que ia acabar aquela vida nunca.
Como é difícil deixar de ver todos os dias as mesmas pessoas. A gente se apega até aquelas pessoas que a gente não sabe o nome, mas tá sempre sentada no mesmo lugar em determinada hora que você passa pra fazer alguma coisa.
Tanta, tanta coisa... as kits, as repúblicas, o bandeijão, os banquinhos, o espelho d'água, as festas de quinta (e tbm de terça, quarta, sexta, sábado hahaha), a ciclovia.Tanta, tanta coisa...

Tempo ocioso.
Pronto! Consegui um emprego. Primeiro emprego. Chamada no concurso temporário.
Medo, insegurança, felicidade. Tudo ao mesmo tempo!
Fui lá, encarei, deu alergia no rosto, deu vontade de sair correndo, chorei algumas vezes. Mas ufa! Deu certo, quem diria???
Várias profissionais super companheiras que me ensinaram muito.
Tive a sorte de encontrar pessoas muito legais pelo caminho.
Segundo ano de emprego temporário. Mesma escola, eba! Algumas pessoas diferentes, mas sempre rodeada por pessoas legais.
Vixe, de novo, acabou contrato e agora?
Tempo ocioso... espera... espera...

Concurso efetivo! FINALMENTE!
Pré-escola, nossa! Crianças de 3 anos. Novamente uma área desconhecida! Mais um desafio!
Novamente profissionais muito companheiros, acolhedores, amigos em muitos momentos!!!
Foi difícil, e mais uma vez deu vontade de chorar, sair correndo, me enfiar num buraco.
Mas lá estava o fim do ano e uma sensação de dever cumprido, de que eu fiz o que conseguiria!
Atribuição de classe, indecisão, volto ou não volto? Voltei...
Novo desafio. Crianças de 5 anos. Escola cheia de mudanças. Mais colegas novas. Cobranças. Pressão. Vou aguentar. Não vou. Vou!
Mas desde o começo do ano ouço uma voz maior me chamando pra outro caminho! Um caminho diferente daquele que eu estava trilhando fazia 7 anos...
A vida é feita de ciclos, e o meu ciclo em Araraquara chegou ao fim...
Fui chamada pra um concurso em Ribeirão!
Gostaria de agradecer muito as minhas amigas da UNESP e as amigas que fiz ao longo destes anos, aos meus colegas de trabalho da EMEF Waldemar Saffiotti e também do CER Rubens Cruz! Minha vida em Araraquara foi feita de momentos que passei ao lado de vcs!

Agora é vida nova. Voltar pra casa dos pais e encarar essa nova realidade que me acolherá.
Crianças de 0 a 3 anos. Qual será a faixa que irei trabalhar? Não sei, a única coisa de que tenho certeza é de que a vida será mais fácil, pois terei pessoas que me amam próximas de mim pra eu poder compartilhar este novo desafio!

25 de abr. de 2014

CHEGA DE DITADURA DA BELEZA!!!

DIGAM NÃO AOS PADRÕES IMPOSTOS!!!

Há algumas semanas foi evidenciado na mídia o caso de uma adolescente que foi espancada na escola por ser considerada muito bonita por suas colegas. Não sou a favor da violência, mas qualquer um consegue entender que essas meninas que espancaram se achavam feias pois não se reconheciam na mídia, não se reconheciam naquilo que vendem como "beleza".

Hoje trago aqui um fato verídico ocorrido com uma de minha alunas de apenas 5 anos. Seus cabelos eram crespos, cheios de cachinhos. Por várias vezes ouvi ela dizer "minha mãe disse que vai fazer alisamento no meu cabelo", mas nunca liguei muito porque não acreditava que aquilo realmente aconteceria. Hoje ela chegou com o cabelo liso e eu fiquei preocupada que tivessem usado algum tipo de química, comentei com outra professora e ela disse que deveria ser apenas chapinha. Quando tive um tempinho pra conversar com ela, perguntei: O que vc fez no cabelo? E para minha surpresa, esta foi a resposta:
"Primeiro eu fiz relaxamento, depois progressiva, tinha horas que parecia que tava queimando meu couro, mas minha mãe disse que não tava queimando, eu chorava e segurava a mão dela." A frase foi exatamente do jeito que transcrevi.
Dei uma olhadinha no couro cabeludo pra ver se tinha sinais de descamação, vermelhidão, mas pro meu alívio não tinha nada.

A criança tem apenas 5 anos e já colocou na cabeça que o cabelo dela é feio. A família, que nesse momento deveria enaltecer a beleza natural e dizer o quanto ela é bonita do jeito que é, engrandecer sua auto-estima, está ensinando que ela deve lutar o resto de sua vida contra uma coisa que ela terá que carregar pra sempre, seus cabelos.
É justo fazer isso com a cabeça das nossas crianças e adolescentes? Pregar padrões pra se encaixarem desde tão cedo?  Fazer com que odeiem partes do seus próprios corpos antes mesmo de terem desenvolvido amadurecimento suficiente???

CHEGA GEEEEENTE!
Vamos ensinar que diversidade é legal.
Vamos ensinar nossas crianças não crescerem frustradas com suas aparências!
Vamos engrandecer a beleza ímpar!
Vamos ensinar nossas crianças a se amarem!!!
Não há problemas em ser quem se é!!!


2 de set. de 2013

Quebra de padrões de gênero na educação

Há mais ou menos 5 meses comecei a atuar como professora na Educação Infantil, mais precisamente com os alunos de 3 anos de idade. Faixa etária em que começam a superar o egocentrismo e iniciam uma melhor socialização e companheirismo; também começam a entender sobre normas, aceitam e compreendem regras e combinados; interiorizam aprendizados; tem início no raciocínio matemático; e capacidade para classificar as coisas.
As Escola Infantis do Município de Araraquara funcionam por meio de rodízio. Todos os dias as professoras e agentes educacionais rotacionam por dois ambientes diferentes, divididos pelo horário da merenda. Um dos espaços que tem na escola, é a chamada sala de Multimeios, é a maior sala da escola, onde se encontram a televisão, o aparelho de dvd, fantoches, fantasias diversas, espelho, instrumentos musicais e uma infinidade de brinquedos. Tenho este espaço 2 vezes por semana, e como é de minha responsabilidade manter a sala organizada, toda vez que vamos para lá oriento as crianças a pegarem apenas aqueles brinquedos que permitirei no dia.
No início eu dizia assim: Hoje os meninos poderão brincar com os fusquinhas e a caixa de ferramentas, e as meninas poderão brincar com os carrinhos de bonecas e a geladeira, fogão, etc.
Fazia isso não porque queria reproduzir um padrão imposto por nossa cultura machista, mas porque aquilo estava incutido na minha educação, na minha vivência, na minha experiência de vida, enfim, estava presente na minha consciência de um modo que parecia "a ordem natural das coisas" no dia-a-dia.
Levei um belo dum tapa na cara quando vi as meninas fascinadas pelas ferramentas, os meninos passeando com carrinhos de bonecas e dizendo que elas são lindas, brincando com copinhos, pratinhos e panelinhas, abrindo e fechando a geladeira, brincando de cabeleireiros na penteadeira, etc.
Esta atitude deles fez com que eu repensasse minha prática. Comecei a tentar controlar minhas palavras na hora de distribuir os brinquedos, tento sempre cortar a parte em que digo "hoje os meninos brincarão com x coisa e as meninas com y coisa", tento dizer "hoje será permitido brincar com x, y e z" sem definir quem poderá brincar com o quê. Apesar de ser muito simples, às vezes escapa o modo errôneo de falar, mas tento cada vez mais me atentar para isso.
Depois que fiz esta reflexão simples de que os meninos gostam de brincar com os brinquedos direcionados para as meninas e vice-versa comecei a questionar não só a minha postura, mas sim a postura dos fabricantes de brinquedos. Todos aqueles brinquedos que são direcionados para meninas são feitos em tons de rosa ou roxo, ou as duas cores juntas: berços, carrinhos de bonecas, micro-ondas, geladeira, fogão, lavadora de roupa, tábua de passar, pratos, copos, panelas, TUDO, TUDO, TUDO rosa e roxo!
Já os brinquedos direcionados para os meninos são os caminhões, fusquinhas, carrinhos de pato, ferramentas, e eles costumam ser verde, azul, amarelo, vermelho, preto e marrom.
A vida já é tão seccionada, devemos permitir que ela fique ainda mais, dividindo os brinquedos por gênero, dividindo os brinquedos por cor, dividindo os gêneros por cor, dividindo as cores? Até quando continuaremos dividindo, dividindo e dividindo? E permitindo que as coisas se dividam? E permitindo que tudo isso pareça normal e correto?
Como professora, me encontro num impasse, por mais que eu esteja mudando minha postura, dizendo que meninos e meninas podem brincar com o que quiserem, as diferenças estão lá, as cores estão lá, a divisão está lá dizendo para eles o contrário.
É frustrante, pois não sei como trabalhar a desconstrução dos padrões de gênero, sendo que diariamente os alunos são bombardeados por desenhos, mochilas, escovas de dente e brinquedos que dizem o contrário do que eu gostaria de dizer para eles.
Seria tão mais fácil eles perceberem com 3 anos aquilo que demorei 20 para refletir. Não sou a salvadora da nação, não é só minha responsabilidade quebrar padrões, mas às vezes me sinto tão perdida diante de tais situações que não sei por onde começar me sinto uma gota de água no oceano.
Eis aqui um desabafo sobre a prática do profissional de educação infantil, que muitas vezes é subestimado por outros profissionais que alegam ser fácil lidar com crianças pequenas, que basta suprir as necessidades físicas de quem ainda é dependente, como se não tivéssemos nenhuma responsabilidade social, como se as creches fossem apenas depósito de crianças e as educadoras meras babás ganhando dinheiro fácil.

3 de fev. de 2013

Inusitado

Daí que era uma da manhã e meu irmão abriu a pasta de filmes no pc dele pra eu escolher e assistir algum. Vários estavam com seus títulos originais, alguns em inglês, francês... Eu não estava inspirada pra assistir nenhum, estava morrendo de sono, de repente li "Le cochon danceur", eu que não sei francês morri de rir do nome! Era um filme de 1907... Aí meu irmão colocou pra gente assistir, porque nem ele tinha visto, o filme dura uns 5 minutos e tudo que tem é um porco gigante que fica dançando! E eu casquei o bico durante o filme todo! RECOMENDO!!! ;)



30 de jan. de 2013

Divagações

Semana passada fui a dois Bailes de Formatura. Em meio às produções, algumas coisas que ouvi me fizeram refletir um pouco. Quando eu estava no salão fazendo uma escova no cabelo tinha uma mulher do meu lado conversando com a outra cabeleireira, e ela estava contando que quando há um casamento em outra cidade, os casais de amigos dela ficam todos em um mesmo hotel, as mulheres passam horas no salão desesperadas enquanto os homens ficam no bar bebendo, depois de contar esta história ela disse que na próxima encarnação gostaria de ser homem. Até aí tudo bem! Eu concordei com ela em alguns termos e me lembrei que por várias e várias vezes eu já disse que queria nascer homem na próxima vida, simples e puramente por vivermos em uma sociedade onde os papéis do homem e da mulher são desiguais e, por conta disso e outras questões mais complexas, eles tem a vantagem de levar uma vida muito mais prática.
O que me fez pensar mais foi quando ela disse a seguinte frase "não sei quem inventou essa história de direitos iguais, agora além de cuidar da casa temos que trabalhar fora também". Confesso que fiquei um pouco nervosa com a afirmação. Como assim ela não quer ter direitos iguais? Achei muito comodismo da parte dela, mas depois refleti, isso que ela está reclamando não se chama "direitos iguais" exatamente porque não são iguais, óbvio. Se a mulher tem que cuidar da casa e trabalhar fora e, supostamente, de acordo com a frase dela, o homem apenas trabalhar fora isso não é igual. Apesar de passar anos e anos lutando contra a opressão feminina ainda não conseguimos alcançar o tão esperado direito igualitário! É claro que temos as exceções, e que existem homens exemplares que dividem o serviço com a mulher, mas ainda é um padrão que muda lentamente. No dia-a-dia, em qualquer lugar, num salão de beleza às vezes desabafamos coisas que acontem no nosso nariz e nos incomodam, mas não conseguimos enxergar a complexidade do assunto ao ponto de nos movermos para mudarmos.

28 de jan. de 2013

Mudei

A mudança de casa durou mais de uma semana, entre contrato, transporte de móveis e ligar a energia.
Fazer mudança, tirando toda a parte chata, mexe com minha cabeça, me dá novas ideias e vontade de mudar algumas coisas, sem contar que dá pra avaliar melhor aquilo que era entulho na casa antiga e que não precisa, em hipótese alguma, continuar na casa nova.
Pela primeira vez estou pensando em deixar a casa com minha cara, mas vou fazer isso aos poucos, pois as ideias são muitas, mas já a grana... vixe!
O fato de ser começo do ano juntamente com a mudança de casa faz com que eu renove os planos pra minha vida e que tente mudar velhos hábitos, a parte frustrante é olhar pra trás e ver todas as vezes que pensei em mudar e não mudei nada, mas acho que essa é a grande sacada de toda virada de ano, tentar mudar pelo menos um pouquinho.


29 de nov. de 2012

Diálogos

- Onde é aquela pizzaria retrô que você comentou esses dias?
- Ah, é lá na Rua 5.
- Passa lá depois pra eu ver?
- Tá bom...

(...)

- Mas isso não é retrô!!!
- Não?
- Não! Tá mais pra barroco!
- Ah, sei lá, achei que fosse...
- Quando você falou retrô eu imaginei um lugar tipo anos 50, não tipo anos fazenda! HAHAHAHAHA